14/03/2017
Na noite de terça-feira, 14 de março, o Sindicato dos Comerciários, junto ao Sinpaaet, Sintermut e Sindicato dos Trabalhadores da Saúde de Tubarão e Região, realizaram um seminário para debater a tão polêmica Reforma da Previdência.
Como palestrantes, Luciano Wolffenbüttel Véras, administrador, coordenador do Sindprevs/SC e do Núcleo Catarinense da Auditoria Cidadã da Dívida; Matusalém dos Santos, advogado especialista em Previdência Social e Maurício Mulinari, economista da Fecesc/DIEESE.
Maurício deu início ao debate afirmando que não se trata de uma mera reforma. “Pelo contrário, é a completa destruição da Previdência! E, como sempre, vai afetar diretamente as camadas mais fragilizadas da sociedade, os mais empobrecidos”, alertou.
De acordo com o economista, aumentar a idade mínima para 65 anos é de uma perversidade sem igual. “A expectativa de vida difere muito em todo o país. Além do que, exigir 25 anos de contribuição é uma irrealidade. 40% da população brasileira, hoje, não consegue atingir nem os 15 anos de contribuição. Calcula-se que 50% da população brasileira hoje se encontra no mercado informal, sem carteira assinada”.
Não bastasse esta reforma, também está em execução todo um “pacote de maldades” sem precedentes na história do país. É a destruição das leis trabalhistas, o congelamento dos gastos públicos em saúde, educação, saneamento básico, segurança e demais áreas de vital importância à população.
A previsão dos especialistas é assustadora. Os palestrantes acreditam que, se tudo for aprovado, o Brasil voltará ao patamar dos anos 1930, quando 60% da população era rural. “Com a diferença que, naquela época, estes 60% mantinham algum tipo de cultura de subsistência em casa. Plantavam, criavam galinhas… Hoje, 90% da população brasileira é urbana. Neste ritmo, em poucos anos prevê-se que 1/3 dos desempregados em todo o mundo será brasileiro”, explica Mulinari.
O administrador Luciano Véras observou que, por mais falhas que apresentem, o Sistema Único de Saúde (SUS) brasileiro e o sistema previdenciário são perfeitamente funcionais até hoje. “E com esta reforma, seria o fim de tudo isso”. “O governo usa nosso dinheiro para mentir para a gente. Desta maneira é preciso ficar bem claro: é guerra, e nós precisamos escolher um lado”, diz Luciano. O representante do Sinprevs/SC acredita que a reorganização popular pode frear e até evitar o que se apresenta diante de todos nós. “Existem dois tipos de pessoa que defendem esta Reforma Trabalhista: o ignorante, que ainda não entendeu o que vai acontecer; e o canalha. Temos que entender quem são nossos inimigos”.
O administrador vislumbra um futuro sombrio para os brasileiros. “Voltaremos à época da escravidão. E legalizada, tudo certinho, como mandará a lei. Morreremos no tronco. Existe a chance de barrarmos. E se não barrarmos? Vamos para a guerra!”, convoca.
O advogado Matusalém dos Santos observa que o tão propalado déficit na Previdência não é verdadeiro. “O que nos informam é que a conta não fecha. Só que isto não tem importância. Esta conta não fecha em lugar nenhum do mundo! Porque foi feita desta maneira. A verdade é que o cálculo pra avaliar o desempenho da Previdência não pode ser feito sobre a folha de pagamento, e sim sobre os impostos criados justamente para cobrir estes gastos. Além do que, desta maneira, as pessoas não vão se aposentar nunca. Irão morrer antes, sem usufruir nada. E tudo o que foi pago à presidência vai ficar para quem? Para o governo”.
Matusa concluiu o debate instando a todas as pessoas a conversarem com sua comunidade, seus colegas de trabalho, padres, pastores e empresários. “Porque a reforma atinge TODOS. Portanto, precisamos nos unir, mais do que nunca”.
Fonte: Sinpaaet