20/08/2021
Profa. Patrícia Schlickmann Orlandi
Presidente do Sinpaaet
Sindicato dos Professores e Auxiliares de Administração Escolar de Tubarão e Capivari de Baixo
Há poucos dias, ficamos outra vez estarrecidos com nova fala do Ministro da Educação, Milton Ribeiro. Numa entrevista à TV Brasil, disse que a inclusão de estudantes com deficiência atrapalha o aprendizado de outras crianças sem a mesma condição, defendendo a criação de turmas e escolas especializadas que atendam apenas estudantes com deficiência. A declaração infeliz e retrógrada, teve, por óbvio, reação negativa e praticamente unânime nos diversos segmentos civis, sobretudo por ter vindo da mais alta autoridade pública educacional do nosso País.
Aliás, virou praxe. Não é de hoje que o Ministro precisa se desculpar e fazer as pazes com os brasileiros. Ele já declarou que gays vêm de famílias desajustadas, que homossexualismo decorre da falta de atenção dos pais, já defendeu castigo físico na educação das crianças (dizendo que a ideia de que criança é inocente, é relativa) e também disse que, hoje, ser professor é ter quase uma declaração de que a pessoa não consegue fazer outra coisa, entre outras inúmeras ‘pérolas’ Brasil afora.
Ministro, peça desculpas aos brasileiros. Mesmo que outra (e mais outra) vez! Nossas crianças, jovens e adultos já têm desigualdades sociais de sobra e que afetam diretamente suas condições de acesso à educação, seja por conta das etnias, pela pobreza, por viverem no campo, gênero e, agora, por conta da deficiência?
Já está mais do que experienciado e provado, inclusive disposto no Plano Nacional de Educação que, diferente das Escolas Especiais (abordagem de ensino direcionada para o desenvolvimento de habilidades específicas de indivíduos com algum tipo de dificuldade de aprendizagem ou deficiência - física, intelectual, auditiva, visual, etc.) e que já cumpriu muito seu papel, a Educação precisa e deve ser inclusiva SIM! A Escola regular precisa ser sinônimo e prática de inclusão.
Há dois anos, no dia do professor, uma pesquisa Datafolha, encomendada pelo Instituto Alana - organização civil paulista que promove o direito e o desenvolvimento integral da criança e fomenta novas formas de bem viver, sem fins lucrativos - mediu a percepção dos brasileiros em relação à inclusão nas escolas. Aproximadamente nove em cada dez brasileiros acreditam que as escolas se tornam melhores ao incluir crianças com deficiência (86% dos entrevistados, espalhados por 130 cidades brasileiras nas cinco regiões do País). Esse é apenas um exemplo.
Senhor Ministro: educação inclusiva é o número 4 dos 17 ODS (Objetivos de Desenvolvimento Sustentável) definidos pela ONU (Organização das Nações Unidas) como meta global para transformação social até 2030. O Brasil é um dos países-chave. Não nos envergonhe.
Pois bem, setembro, mês da inclusão social, está bem próximo. Aproveite, reitero, para OUTRA VEZ, pedires desculpas aos brasileiros. Precisamos de aliados para a educação inclusiva, modelo de ensino que funciona, é contemporâneo e que propõe igualdade nas possibilidades de escolarização, num só ambiente.
Senhor Ministro, contemplar a diversidade é fundamental. Não podemos deixar ninguém para trás. Essa abrangência de visão é imprescindível para fortalecer nosso processo de aprendizagem e consciência social. Ou seja, todos ganham com a educação inclusiva: famílias, estudantes, professores, comunidades e a própria escola regular que vibra ao descobrir que pode aprender com as diferenças.
Outra vez, Senhor Ministro ... outra vez!
Fonte: Assessoria de comunicação & marketing Sinpaaet